A síndrome de Mirizzi refere-se a uma complicação da colelitíase, que leva à obstrução do ducto hepático comum, em decorrência de uma compressão ou inflamação de cálculos impactados dessa estrutura.
Estima-se que seja encontrada em 0,7 a 1,4% em todos os casos de colecistectomias, afetando principalmente indivíduos do sexo feminino acima dos 40 anos de idade.
Foi primeiramente descrita no ano de 1948, por P.L. Mirizzi. Este descreveu ducto cístico paralelo ao ducto hepático comum, impactação de um cálculo no ducto cístico ou colo da vesícula biliar, obstrução mecânica do ducto hepático comum pelo cálculo ou secundária à inflamação e presença de icterícia intermitente ou permanente, podendo levar à colangite recorrente, podendo evoluir para cirrose biliar secundária.
Incidência
É estimado de ser encontrado em 0,7 a 1,8% dos pacientes submetidos à colecistectomia.Classificação
Tipo I – Obstrução do ducto hepático comum ou colédoco devido a um grande cálculo impactado na saída da vesícula (infundíbulo) ou no interior do ducto cístico (ducto que comunica a vesícula biliar com o ducto hepático comum). Tipo II – Presença de uma comunicação anômala entre a vesícula e o ducto hepático comum, devido à erosão do cálculo que estava impactado no interior da vesícula ou do ducto cístico. É conhecida como fístula bilio-biliar. Existem outras classificações mais específicas dentro da área cirúrgica, aonde se classifica como tipo II quando o cálculo obstrui menos de um terço da luz do ducto hepático, tipo III mais de dois terços, e do tipo IV, obstruindo completamente o ducto hepático.
Sintomas
Os pacientes apresentam icterícia. Podem apresentar história de dor abdominal recorrente e febre. A combinação de icterícia, dor e febre, caracteriza que há obstrução da via biliar com infecção associada, o que chamamos de colangite.Diagnóstico
O diagnóstico na maioria das vezes é feito antes de uma cirurgia de vesícula, através de uma ecografia.
Exames de Sangue: Alteração de exames da função do fígado evidenciando sinais de obstrução biliar são encontrados, como aumento de bilirrubina, fosfatase alcalina, gama GT, TGO e TGP em até 90% dos pacientes.
Ecografia: Pode diagnosticar a obstrução da via biliar (Canais biliares dilatados), assim com a presença de um cálculo na vesícula biliar ou no ducto cístico, causando a obstrução. Pode demonstrar uma vesícula biliar contraída com cálculo, associada a uma obstrução biliar.
Tomografia e/ou Ressonância: são indicadas quando existe alguma dúvida diagnóstica ou para avaliar a possibilidade de malignidade. A ressonância pode demonstrar mais detalhes em relação à obstrução.
Endoscopia: não visualiza o tumor, mas o paciente pode apresentar achados inespecíficos comuns vistos em pacientes doentes, como gastrite, esofagite.
Colangiografia: Geralmente é realizada de forma endoscópica retrógrada. Consiste em realizar uma endoscopia e localizar o local aonde o canal da bile (colédoco) desemboca no intestino (duodeno). Após localizar esta abertura, é possível através de injeção de contraste, evidenciar o local e a causa da obstrução nos ductos biliares. Este exame permite o tratamento da obstrução das vias biliares, quando há infecção ou não, através da introdução de próteses. Pode ser utilizado como método diagnóstico e terapêutico, para diminuir o nível de bilirrubina antes de uma intervenção cirúrgica. Mais raramente pode ser realizada a coloangiografia de forma transparietohepática.
Complicações
A complicação mais comum é a colangite, caracterizada por infecção da bile devido à obstrução.Tratamento
O tratamento é cirúrgico, podendo ser realizado por laparoscopia ou através de incisão convencional (mais comum). Consiste na remoção da vesícula biliar e do cálculo que está causando a obstrução. Caso o local do ducto hepático comum esteja com lesão, pode ser necessário a realização de uma nova conexão entre o canal da bile e o intestino, chamada de anastomose biliodigestiva. Na presença de colangite, ou em pacientes sem condições cirúrgicas, a desobstrução da via biliar pode ser realizada através de introdução de próteses colocadas por colangiografia endoscópica retrógrada ou de forma transparietohepática.
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