Cada vez mais pessoas sofrem com o excesso de peso e a obesidade. E as estatísticas tem mostrado que o número de casos graves também vem aumentando significativamente.


De acordo com os dados de inquéritos populacionais brasileiros a obesidade grau 3 (índice de massa corpórea maior ou igual a 40 kg/m2) aumentou 255% entre os anos de 1975 e 2003. Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostra que de 2007 a 2014 o número de pessoas com obesidade grau 3 praticamente dobrou, atingindo cerca de 6,8 milhões de brasileiros. E como reflexo desse crescimento, o número de cirurgias bariátricas aumentou 46,7% entre 2012 e 2017.


Para quem está indicada a cirurgia?
[p]De acordo com a Resolução 2131/15 do Conselho Federal de Medicina, a cirurgia está indicada para pessoas com índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 kg/m2 ou para aquelas que apresentam o IMC maior do que 35 kg/m2 e portadoras de doenças que possam ser agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz. A lista de doenças é extensa e inclui diabetes tipo 2, apneia do sono, doenças cardiovasculares, osteoartrose, refluxo gastroesofágico, entre outras condições.

O tratamento cirúrgico deverá ser proposto se a pessoa tiver realizado tratamento clínico por pelo menos dois anos e não tiver obtido um resultado satisfatório. A idade mínima para realizar a cirurgia deve ser de 18 anos, mas adolescentes com 16 anos completos e menores de 18 anos poderão ser operados, desde que haja a concordância dos pais ou responsáveis legais e que exista uma avaliação de risco-benefício cuidadosa por uma equipe multiprofissional que inclua o pediatra.

Quais os tipos de cirurgia mais realizadas?
[p]As técnicas mais realizadas são as restritivas e as mistas. As cirurgias que apenas diminuem o tamanho do estômago são chamadas de restritivas e incluem a banda gástrica e a gastrectomia vertical. A cirurgia de banda gástrica se caracteriza pela colocação de uma cinta que aperta o estômago deixando-o com o formato de uma ampulheta. A gastrectomia vertical se baseia na remoção de 70-80% do estômago, e tem sido cada vez mais realizada em nosso meio.


Nas cirurgias mistas além da redução do tamanho do estômago há também um desvio do trânsito intestinal. Em nosso país a técnica do Bypass gástrico com reconstrução em Y de Roux ainda é a mais realizada.


Nessa técnica o estômago é grampeado sendo criado um novo reservatório gástrico com um volume de apenas 50 ml e cerca de um metro do intestino é desviado. Esse desvio promove uma mudança na produção de hormônios intestinais que participam da regulação de fome e saciedade, mas que também tem efeitos metabólicos, melhorando doenças como o diabetes do tipo2.

Quais as principais complicações da cirurgia?
Muitos são os benefícios da cirurgia, uma vez que é o tratamento mais efetivo para perda sustentada de peso em longo prazo. Mas não é isenta de complicações. Existem complicações cirúrgicas, como fistulas, estenose de anastomoses, hérnias com oclusão intestinal. Além disso podem ocorrer complicações nutricionais, particularmente nas cirurgias mistas, como deficiência da absorção de vitaminas e minerais.

Esse tipo de complicação pode ser evitado com uso de polivitamínicos. Outro problema, que já discuti aqui no blog é o aumento do risco de alcoolismo após a cirurgia. Por essas razões é fundamental o acompanhamento médico regular após o procedimento, para que os benefícios prevaleçam.


Técnicas em uso aprovadas pelo Conselho Nacional de Medicina

Bypass gástrico: O estômago é dividido em dois (a maior parte fica isolada) e ligado ao intestino delgado. A comida entra pela menor, onde cabem 50 mililitros (um copinho de café). Perda de peso: até 40%. Reversível.

Gastrectomia vertical: Retira-se dois terços do estômago, que se torna fino e alongado. A parte desprezada produz a grelina, que abre o apetite. A pessoa fica sem fome até o hormônio ser fabricado em outro local. Perda de peso: em média, 25%. Não reversível.

Duodenal Switch: Mais agressiva, subtrai dois terços do estômago e faz um desvio extenso. Indicada para grandes obesos. Melhora o diabetes, mas pode causar danos nutricionais. Perda de peso: de 40% a 45%. O risco de voltar a engordar é menor. Não reversível.

Banda gástrica: O anel de silicone inflável, na parte superior do estômago, limita a passagem de comida. Por meio de um dispositivo embaixo da pele, o médico ajusta o anel. Produz muito vômito e pode dar infecções. Perda de peso: 25%, com taxas de reganho altas. Reversível.

Gastroplastia endoscópica: Um tubo flexível é levado pela boca até o estômago, que é costurado em torno deste para afinar. Indicada para obesos leves. Estará disponível a partir de junho, mas só na rede privada. Perda de peso: 20%. Não reversível.


Fonte de texto: cintiacercato.blogosfera.uol.com.br

Fonte de imagem: cintiacercato.blogosfera.uol.com.br